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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ensina-me



Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição a Natureza,
Porque a Naturza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

Alberto Caeiro

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